A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal, responsável por sinalizar o início da noite e sua duração e desencadear uma cascata de efeitos fisiológicos para preparar o organismo para o repouso.
Existe linha de estudo que atesta que a melatonina pode exercer efeitos moduladores sobre a resposta imune por meio de suas ações antioxidantes, anti-inflamatórias e anti-apoptóticas, visto que é sintetizada não só pela glândula pineal, mas também sob demanda pelas células do sistema imunológico, ou seja, em resposta a uma agressão ou ataque por um agente infeccioso.
Diante da presença de agente infeccioso ou corpo estranho, o sistema imunológico é capaz de desencadear um processo inflamatório como resposta protetora, estimulando a liberação de citocinas e outros mediadores pró-inflamatórios.
Tem sido demonstrado que o vírus SARS-CoV-2, responsável pela doença COVID-19, pode induzir à resposta inflamatória exacerbada, relacionada às manifestações clínicas graves desta condição, incluindo lesão pulmonar e síndrome respiratória aguda grave.
Neste sentido, diversos estudos pré-clínicos em culturas celulares e modelos animais, evidenciaram que a melatonina é capaz de reduzir as espécies reativas de oxigênio e a produção de citocinas pró-inflamatórias, além de proteger a função mitocondrial e prevenir a apoptose, que é a morte celular. Atuando por diferentes vias além do local de inflamação, a melatonina poderia neutralizar a resposta inflamatória sistêmica e atenuar tanto a progressão das infecções quanto as manifestações clínicas associadas.Nos últimos dias, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (@usp.oficial ) e publicado na revista Melatonin Research, ganhou grande repercussão ao demonstrar que a melatonina sintetizada pelas células pulmonares poderia ser uma barreira à infecção pelo coronavírus. O objetivo do estudo foi avaliar se havia relação entre a capacidade dos pulmões em sintetizar melatonina e a expressão de genes que facilitam a invasão e proliferação do coronavírus.
ara isso, foram utilizadas ferramentas de bioinformática, dados de sequenciamento genético e células pulmonares de animais. Ao final do estudo, os pesquisadores demonstraram que a síntese de melatonina pelas células pulmonares dificultaria a entrada do coronavírus nestas células o que pode justificar, por exemplo, a existência de pacientes assintomáticos. Assim, é sugerido que os níveis de melatonina mensurados através de um índice de expressão gênica (que os pesquisadores chamaram de MEL-Index) seria um biomarcador preditivo na transmissão do coronavírus em pacientes assintomáticos, auxiliando no controle da pandemia.
Ressaltamos que a administração oral de melatonina pode ser maléfica para a saúde.
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